quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cores com nome próprio

Na História da Moda, existem os estilistas que romperam padrões, desafiando as necessidades e desejos de vestuário da época, ou contrariando as convenções de "metamorfose ambulante" da moda. Dos dois jeitos, fizeram trajetórias únicas e se tornaram maiores que o vai-e-vem de tendências.

Dentre esses, estão Elsa Schiaparelli, Jeanne Lanvin e Valentino. Além de terem feito criações memoráveis na moda, batizaram cores com seu trabalho: o azul Lanvin, o rosa shocking e o vermelho Valentino. 

Azul Lanvin

Na década de 1920, Jeanne Lanvin adotou um tom de azul bem claro, pastel, em suas criações, e foi a primeira a ligar uma cor específica ao seu nome. Apreciadora de arte, Lanvin chegou ao azul que batizou inspirada pelos afrescos de Fra Angelico, pintor renascentista do século XV. Afrescos são pinturas feitas em paredes, formando murais, e as diferentes matizes de azul que compunham as gradações do céu nos murais religiosos de Angelico encantaram Lanvin, e, atualmente, a cor é característica das embalagens da maison.

Afresco de Fra Angelico e caixinha Lanvin. Papai Noel podia ter deixado uma na árvore, né? 


Rosa Shocking


Nas décadas de 20 e 30, a italiana Elsa Schiaparelli começou a se destacar nos círculos da moda. Ousada, rivalizava com Coco Chanel, que primava por cores neutras e modelagens clássicas, de linhas limpas, ao passo que Schiap, como era chamada pelo grupo de amigos artistas que marcaram seu trabalho, como o pintor Salvador Dalí e o ilustrador Jean Cocteau, usava cores fortes e shapes que redesenhavam a silhueta com volumes inesperados, o que contrariava a austeridade de um mundo que vivia o intervalo de duas guerras mundiais.


Em 1945, Schiaparelli lançou seu primeiro perfume, Shocking. O desenho do frasco foi inspirado pelas curvas da atriz Mae West, e era vendido numa caixa de um fúcsia intenso, da mesma cor das flores aplicadas num vestido de tule preto que Schiap desenhou para Mae, para o figurino da peça Sapphire Sal. Era uma cor inesperada e luminosa, um escapismo necessário ao pessimismo pós-Segunda Guerra, que de tão característica do perfume e de sua musa inspiradora, foi batizada de "shocking".


Campanha do perfume Shocking, nos anos 40, e caixa da antiga maison Schiaparelli.

Vermelho Valentino

A minha favorita dentre todas as cores com nome próprio, o vermelho Valentino surgiu no início dos anos 60. No fim dos anos 50, o italiano Valentino Garavani era assistente em Paris, na maison Guy Laroche. Num dia de folga em Barcelona, assistia a um espetáculo no Liceu Theatre, e ficou maravilhado com a vivacidade do vermelho dos figurinos, e concluiu que qualquer mulher que entrasse em algum lugar vestindo vermelho vivo, podia causar o mesmo efeito paralizante que os figurinos nessa cor causaram no estilista.

Em 1960, Valentino estabeleceu ateliê próprio na Via Condotti, em Roma e, desde então, sempre incluiu peças de um vermelho intenso nas coleções, tornando a cor sua marca registrada. Um dos grandes mestres da moda, Valentino sempre fez da feminilidade a essência de seu trabalho, criando peças de perfume ladylike e cheias de romantismo, sem se importar com a mudança constante de tendências. Isso o fez o preferido das grandes divas de Hollywood, como a eterna Liz Taylor, musa e amiga.

Valentino na abertura da exposição comemorativa de seus 45 anos de carreira, em 2007.

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