terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Golden Globes, SAG e as divas do tapete vermelho

Moda festa, como não amar? Adoro início de ano, principalmente porque é época de tapete vermelho! Kkkkkk... #besta. Tento ficar sempre ligada no que rola nas premiações, premières e lançamentos durante o ano, já que são ótimas fontes de inspiração na hora de se vestir para os red carpets da vida real, mais conhecidos como casamentos na família, formatura da amiga e por aí vai... Então, os looks de maior destaque, pra mim, vão aparecer por aqui de vez em quando.

No último domingo, rolou o SAG Awards, premiação oferecida pelo Sindicato Americano de Atores e no domingo anterior, foi a festa de entrega do Globo de Ouro. O red carpet do SAG é tradicionalmente menos black tie que o do Golden Globes, e como tem inspirações mais acessíveis, bora começar por ele?

Rose Byrne, Emily Blunt e Dianna Agron: cores e escolhas inesperadas no SAG

Adoro quando uma convidada ousa fugir dos vestidos de gala com uma peça diferente e acaba tão feminina quanto a colega que se jogou nos frufrus! Esse foi o caso da Rose Byrne, que escolheu esse macacão de alta-costura Elie Saab branco todo bordado, lindo que só. É uma opção fresh, já que ninguém costuma lembrar dos macacões na hora da festa, e eles ficam mais modernos e tão chiques quanto os vestidos com detalhes como o bordado, o decote drapeado, a pulseirona dourada e a clutch durinha, bem de festa mesmo. Rose também acertou na proporção, o que é muito importante para que o look de festa saia elegante e alinhado do jeito que a gente quer. Para compensar o decote generoso, a bainha do macacão estava impecável, tampando o sapato sem arrastar no chão. Quem quer tentar os macacões como opção de festa, além de ficar atenta ao caimento, pode escolher modelos em seda e chiffon, se não der a sorte de encontrar um modelo bordado  que nem o da Rose.

Quem esquece da outra assistente de Miranda Priestley em O Diabo Veste Prada? Acho que ninguém... Kkkkk. Desde então, acho a Emily Blunt uma das atrizes jovens mais lindas, e no SAG ela não decepcionou de longo um ombro só com uma fenda bem sexy, mas ainda super elegante, do Oscar de la Renta. A modelagem clássica do vestido fica mais chique ainda com o realce que o verde super forte dá no modelo, um bom exemplo que vestidos menos ousados ganham um senhor toque de modernidade com cores acesas. Emily também optou por destacar as pulseiras na escolha dos acessórios, e adorei a mistura de prata e cobre, já que o cobre contrasta com o tom de base fria do vestido. Como o vestido já chamava bastante atenção, acessórios focados em um ponto e make simples foram suficientes para um look lindo.

A Dianna Agron, de Glee, também foi outra que apostou nas cores pra destacar um modelo bem clássico. O longo magenta com babadinhos discretos no decote da Carolina Herrera é  super princesa, e, pra dar um toque diferente, a Dianna pôs em prática a mistura de cores que falei nesse post aqui, contrastando o rosa fúcsia do longo com o lavanda bem pastel da sandália. Detalhezito quase imperceptível à primeira vista, mas que depois dá uma "interessância" bem grande pro look... Em termos de acessórios, as pulseiras também foram a escolha da Dianna Agron, o que é bem interessante, mostrando que o mix de pulseiras saiu das ruas e invadiu o red carpet em versão ryca! Kkkk...

Claire e Angelina: clássicos com bossa no Globo de Ouro

Acho P&B uma combinação ultrachique pra looks festivos, mas muita gente não aposta com medo de cair no básico, por isso a Claire Danes tá aí pra mostrar que a combinação pode ser muito glam! Um longo preto e branco com um power decote nas costas ou detalhes texturizados, como esse J Mendel, é uma opção chique e atemporal sem ser muito sóbria. No mais, é só um penteado chique, batom vermelho de diva e muitas pulseiras (olha elas aí de novo!).

DIVA. Não tem outra palavra que descreva a Angelina Jolie no Globo de Ouro, tombou bonito com a concorrência! O vestido de cetim Atelier Versace tem modelagem impecável, estruturado, com o drapeado fluido e no lugar certo. A fenda é sexy e discreta, só pra dar aquele diva factor mais aparecido, mas o grande truque do look da Angelina foi combinar a cor da clutch e do batom com a dobradura do decote alto do vestido, todos vermelho vivo, provando que um traço monocromático no look é elegância na certa. Poucos acessórios e sapatos da mesma cor do vestido, porque com um corpo e um porte desses, ninguém precisa de mais nada! #invejabranca

Emma Stone de Lanvin no Globo de Ouro e de Alexander McQueen no SAG: favorita!

Menção honrosa pra Emma Stone! Até agora, ela é minha favorita nessa awards season de 2012, com looks elegantes, femininos e com um toque moderno. Amei o cinto de fivela grande arrematando o longo fluido, tudo Lanvin. A modelagem fluida é superfeminina, mas ganha força com o cinto mais agressivo e a escolha da cor bordô, mais presente em longos estruturados do que drapeados, que são quase sempre coloridos em tons clarinhos. Emma deu aula de estilo no SAG, que foi até um tapete vermelho bem fraquinho, na minha humirrrrrde opinião! Kkkkkk... Mesmo que o evento seja mais simples, nunca é bom cair no lugar comum, por isso achei incrível a escolha da Emma por um vestido mídi, um comprimento tão difícil de usar. O mídi tende a achatar a silhueta, por isso acho que só fica bom nas meninas que tem mais de 1,65m e, pra valorizar ainda mais, é bom usar com um sapato que mostre bastante o pé. O busto de renda e a saia ultrarodada me conquistaram, principalmente por serem em preto, o que, junto com a clutch McQueen bem glam rock, modernizou o look. Muito curiosa com a escolha da Emma Stone pro Oscar!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O bom da semana

Nessa semana, tive mais tempo para me dedicar ao blog e, nas próximas, pretendo mostrar o que me chamou atenção nas minhas andanças pela blogosfera afora, e também em revistas, livros, enfim, coisas que tenham servido de referência pra postar e também acessórios, peças de roupa e outros detalhezitos legais de compartilhar.

Livros de moda! Esses são as referências dos últimos posts...

Amo livros de moda! Sejam de história, fotografia, guias de estilo... Comecei minha "biblioteca fashion" há uns dois anos, quando passei a comprar, todo Natal, um coffee table book na Amazon, já que no Brasil esses livros são mais caros e a variedade é menor. Esses da foto, o Vogue Fashion e o A Parisiense, eu mega indico! O Vogue Fashion é uma mini-enciclopédia de história da moda, dividida em duas partes: uma sobre a moda de cada década, desde 1900 até 2000, e outra com biografias resumidas dos estilistas. A ilustração da capa da Vogue e aquela citação incrível que eu coloquei no post dos anos 20 eu tirei desse livro, a leitura é fácil e é um bom primeiro título para começar um acervo de referências.

Livros de moda mais técnicos, como o Vogue Fashion, são mais caros e é o tipo de investimento que eu acho que vale mais a pena pra quem estuda ou vai começar a estudar moda (presente!). Por outro lado, A Parisiense é uma leitura descontraída e super útil pra quem quer aprimorar o próprio estilo ou ter um guia diferenciado para conhecer Paris, já que é cheio de ótimas diquinhas bem insiders da cidade. Escrito por Inès de la Fressange, francesa musa da Chanel (foi modelo da marca nos anos 80, e até hoje Lagerfeld adora ela) e ícone de estilo no mundo inteiro, o livro procura orientar o leitor, sem autoritarismo ou regras rígidas, sobre como ter um pouquinho daquele estilo próprio das meninas de Paris, que é clássico e, ao mesmo tempo, ultra descolado. Muito mais que moda, o livro fala sobre o estilo de vida parisiense, por isso é um título que eu acho que qualquer um que curte lifestyle gostaria de ter na cabeceira. Fora as ilustrações super lindas feitas pela própria autora, uma fofura!

Pulseiras mil! Último vício...

Como 12 entre 10 meninas que curtem moda, também tô viciada em encher o braço de pulseiras! Kkkk... As três primeiras eu comprei na Mercado, minha loja mais favorita da vida. A seleção de acessórios de lá é incrível, e a de roupas também, com marcas moderninhas tipo My Philosophy e Doc Dog, além de ótimas opções de t-shirts divertidas, é lá que eu me abasteço das minhas tão amadas camisetas de banda... A útilma é aquela pulseirinha Life by Vivara, que eu amo porque eu ganhei de Natal dos meus amados pais! Tenho que me controlar porque, se deixar, torro meu dinheiro todo comprando os berloques...

Enfim, na próxima semana tem mais... 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Constanza, a grande dama

Constanza Pascolato é minha maior inspiração desde que decidi, já há algum tempo, que queria trabalhar com moda. Além da carreira brilhante de consultora de moda e colunista da Vogue Brasil (frequenta as semanas de moda gringas desde 1969! #miniinveja), Constanza é leve, espontânea e mega educada, de uma finesse cada vez mais rara hoje em dia.

O Modices fez um vídeo-homenagem incrível pra Constanza na SPFW e, eu, claro, tratei de colocar ele aqui no blog, pra propagar uma iniciativa tão bacana e, bien sûr, merecidíssima!


Rainbow

A moda é linda justamente por poder estar em todo lugar. Um formato inusitado, uma combinação de cores, tudo pode encontrar correspondência num look e no comportamento das pessoas, já que é definida pelo nosso estado de espírito...

Criei essa tag "Inspiração" para mostrar fotos, obras de arte, filmes, enfim, qualquer coisa que possa servir de orientação na hora de se vestir e, por consequência, na forma de ver o mundo. Esses posts também vão ser uma boa janela para mostrar artistas, fotógrafos e cineastas que gosto.

"My dream is to fly over the rainbow, so high!"

Muito mais do que uma excelente idéia de mistura de cores e estampa, essa foto da argentina Angeles Peña mostra como as cores levantam o astral de quem usa. Uma cor pode te fazer lembrar de um momento especial, de um lugar que ama... Por que não carregar isso no seu visual?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Anos 20 e a mulher moderna

" A Vamp: Um tipo muito especial. Você não constrói um lar e a convida para entrar, mas prepara um cocktail e a chama para sair. Ela provavelmente pedirá o divórcio em termos da incompatibilidade dos passos de dança. Indicada apenas para milionários."
- Trecho do artigo The Woman of Your Choice, Vogue América, novembro de 1923.

Esse trecho representa muito bem as garotas que ditaram moda na década de 1920: mulheres independentes que, depois de se livrarem do espartilho nos anos 1910, passaram a desfrutar de uma maior liberdade de costumes nos anos 20 e, aproveitando muito bem essa liberdade, trataram de se dar o direito de se divertir muuito nas festas da época, também conhecida como Era do Jazz.

Os anos 20, uma das minhas décadas favoritas na História da Moda, ganhou muito destaque nos desfiles do verão internacional e também apareceram bastante no SPFW e Fashion Rio, que acabaram de acontecer. Década importantíssima pra moda, porque representa uma grande mudança estética, já que as mulheres do pós-Primeira Guerra precisavam de uma nova silhueta para dar vida ao seu novo comportamento. 

Típica "vamp" dos anos 20 na capa da Vogue americana de dezembro de 1921.

Até os primeiros anos do século XX, as mulheres tinham sua vida atrelada à dos maridos, e a moça de bons costumes era aquela sempre impecavelmente alinhada num espartilho. Até que o estilista francês Paul Poiret deu vida à vestidos de linhas retas e corte impecável, e as mulheres dispensaram o espartilho para experimentar a fluidez de movimentos. Com essa revolução fashion, sentiram também vontade de sair e dançar por aí e, com a Primeira Guerra, os homens foram para o front de batalha e as mulheres assumiram funções que eram deles, passando a trabalhar fora, o que consolidou as silhuetas alongadas e lânguidas, que incluíam braços à mostra, algo até então impensado para a roupa feminina.

A abundância do pós-guerra fez surgir a figura de mulheres míticas da alta sociedade e também da indústria do cinema, que inspiravam as moças com seus vestidos fluidos e de shape tubo, bonitos e, ao mesmo tempo, funcionais para se divertir dançando até altas horas...   Essas eram as vamps, atrizes e socialites, sempre bem vestidas e em sintonia com o último grito da moda, incentivaram as mulheres de então a potencializar a liberdade que conquistaram, através da diversão e da descoberta de uma nova feminilidade. A silhueta tubular, afastada do corpo, com linhas limpas e modelagem fluida, dava liberdade de movimentos e, com isso, as mulheres passaram a se movimentar de maneira mais sutil, como que conhecendo os limites da nova postura. O corpo menos evidenciado exigiu uma nova linguagem corporal, estabelecendo a atitude como chave para a sensualidade. 

Shape "tubo" e cintura baixa: fluidez nos anos 20

A estética simples das roupas dos anos 1920 era totalmente inédita, e a moda absorveu essa novidade com força total, com sua incrível capacidade de tornar desejo da última hora o que é mais vanguardista. O contorno do corpo mais reto gerou uma androginia na moda, já que foi nos anos 20 que as mulheres entraram de vez no guarda roupa masculino. O sumiço da linha que dividia a roupa masculina da feminina foi motivado pela vontade da mulherada de mostrar que, mesmo com os homens de volta das trincheiras, elas não iriam voltar a ocupar o papel de mera "extensão" deles e, através das roupas, expressar que manteriam a autonomia conquistada.

Capa do romance francês "La Garçonne", sobre uma mãe solteira: girl power nos 20's!

Com o corpo coberto, as mulheres sensualizavam através dos movimentos suaves e dos olhares, e tinham como ajudantes as ferramentas mais poderosas da moda atual: os acessórios. Foi nos anos 20 que eles começaram a se destacar, e os favoritos das mocinhas eram longos colares de pérolas, faixas de cabelo e casquetes, leques (que super ajudavam na hora daqueela olhada! Hahaha), além dos detalhes de plumas e franjas nas roupas.

Enfeites de cabelo e colares longos que embelezavam o colo: armas de sedução

Já deu pra perceber que a moda e, mais que isso, o comportamento feminino de hoje, começaram, mesmo que beeeeem devagarinho, lá na década de 20. Foi aí que começamos a amar os acessórios de verdade, fomos atrevidas para roubar roupas do meninos... Sempre atuais, os anos 20 são fáceis de traduzir pro nosso guarda roupa, apesar de estarem quase cem anos distantes de nós. Sabe a camiseta que você sempre usa dentro do cós da saia de cintura alta? Experimente colocá-la para fora, isso vai criar uma cintura baixa no look e, pra ficar mais 20's ainda, um colar de pérolas longo por cima faz um hi-lo super atual e arrumadinho. Aliás, colares de pérolas longos são meu truque de estilo favorito para os dias de pressa, sempre jogo um por cima das minhas camisetas de banda surradas e fica lindo! Só cuidado para não colocar as camisetas/blusas por cima de saias muito rodadas, prefira as retas para não criar um volume bastante indesejável na cintura, hein?


Explorar as texturas num look também dá um toque anos 20. Franjas e plissados, que estão em alta, misturados com peças mais básicas, são interessantes, porque lembram a época sem ficar caricato, parecendo fantasia de melindrosa. Se jogar nos acessórios é, pra mim, a melhor saída! Além do colar de pérolas, adote casquetes e enfeites de cabelo  nos seus looks e, para fazer o jogo andrógino da Era do Jazz, use saias e vestidos super girlie com sapatos masculinos, como oxfords ou mocassins. Assim, é só se jogar sem medo de soltar vamp em você!


Looks do último verão do Marc Jacobs e montações da Bebe Zeva: 1920 nos anos 2010

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cores e leopard print

Cores e estampa de oncinha: mix'n'match

Desafiar convenções da moda é necessário para construir um estilo, como falei no último post. Nas minhas visitas ao Jak & Jil, um dos meus blogs de streetstyle favoritos, vi esse look da foto e achei a mistura de rosa clarinho e lavanda finalizada com o casaco de leopard print um excelente exemplo de misturas que podemos fazer em nosso armário. Apesar de ser bastante presente em sites de street fashion, a mistura de cores de destaque e oncinha não é vista fora das ruas das grandes metrópoles, porque essa montação ainda requer ousadia de quem usa. Podemos começar usando uma cor só junto com o print de leopardo, e depois ir evoluindo para a mistura de cores com a nossa tão amada oncinha. Para treinar na frente do espelho...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Estilo: caça ao tesouro?

ÓH CÉUS, POR QUE EU NÃO TENHO ROUPA!?

Quem nunca se pegou fazendo essa pergunta diante de um armário abarrotado, e de preferência cinco minutos antes de sair de casa? Encontrar o próprio estilo exige esforço e dedicação, além de conhecer mais a fundo o próprio gosto e a imagem que gostaríamos de transmitir em determinados momentos, e por isso o estilo pessoal está em construção contínua.

Encontrar uma maneira pessoal e intransferível de se vestir não deve ser encarado como obrigação, porque estilo é uma questão de se sentir bem na própria pele. Se você se sente bem saindo um dia de calça masculina e no outro de vestido floral superfeminino, OK. Mas é inegável que saber o que você gosta ou não poupa bastante tempo na rotina diária, e, além disso, a confiança ganha um boost e tanto quando já falamos a que viemos com nosso look.

É tentador desejar um closet a la "De Repente 30", mas arrumar o seu é um grande passo!

Todo mundo sonha com um guarda-roupa impecavelmente organizado, como se fosse uma loja. Mas pra se ter estilo não é preciso gastar uma pequena fortuna e, aliás, é muito mais fácil errar quando se tem muito. Para mim, um armário organizado é o primeiro passo para encontrar identidade ao se vestir: você racionaliza o espaço e enxerga todas as peças que o seu acervo tem e muitas vezes descobre peças que não usava há tempos. 

Espaço otimizado, é a hora de fazer a limpa no guarda-roupa. Critério, nessa parte, é fundamental: experimente algumas peças, principalmente as que não foram muito usadas, e só mantenha o que cair bem de verdade. Reclamar do sapato apertado, da saia muito curta e da calça desconfortável só acentua o quanto essas peças não fazem parte do seu estilo de vida ou como não são adequadas para o momento, e estilo próprio é, ao meu ver, se sentir confortável, para deixar que a atitude reforce a mensagem do look e, para isso, é fundamental conhecer o próprio corpo.

Organizar o orçamento fashion é quase garantia de evitar compras impulsivas

Comprar "aquela" saia da vitrine, tipo suuuupertendência, é quase irresistível! Aí, você chega em casa, experimenta e, além de chegar à trágica conclusão de que na loja estava 1000 vezes melhor, descobre que não combina com nada do seu guarda-roupa. Dividir o orçamento das compras em duas partes, uma para peças básicas que vão durar muitas estações, mas que, como sempre, caibam no seu cotidiano e te deixem à vontade, e outra reservada para tendencitas da vez, diminui as compras impulsivas e traz foco para entender o que realmente gostamos e o que nos diverte só por um verão.

A hora de comprar também exige cuidados. Devemos experimentar tudo que temos vontade, mas, ao cair de amores por uma peça, temos que ir muito além da roupa em si. Por mais que as mil camadas do vestido ou o brilho disco dos paetês do casaquinho te encantem,  a utilidade dessa peça no seu dia-a-dia deve ser pensada antes de tudo, além da aplicação do modelo no seu biotipo e na sua silhueta. Quando experimentar, pense na roupa combinada à outras peças, em diferentes situações, e se pensar "talvez use em uma festa" ou "vou vestir em casa", deixe na loja, porque, provavelmente, a peça não vai sair do armário. Saber desviar de "obras de arte" é importante na conquista de uma marca pessoal, porque diferenciar moda e estilo é fundamental, já que podemos entender que determinadas propostas nós admiramos e outras, além de nos identificarmos, se aplicam ao nosso cotidiano.


Blazer preto de alfaiataria: clássicos nem sempre incontestáveis

Não colocar as propostas e as convenções de moda acima da própria personalidade é tão importante quanto reconhecer que moda e estilo são diferentes. O pretinho básico e o colar de pérolas foram eternizados no vestir feminino, mas não significa que só porque é clássico você TEM que usar. Tomar certas liberdades no padrão do bom gosto nos leva  a encontrar nossos próprios clássicos. Você não sai de casa sem sua saia de estampa gráfica em mil cores diferentes? Eis o seu clássico! Transgredir certas "regras" de moda é saudável, e se transforma em marca pessoal quando cai como uma luva no seu jeito de ser.  Afinal, mulheres não usariam calças com tanta desenvoltura hoje em dia se Chanel não tivesse ousado em usá-las em pleno século XIX, quando todo mundo usava espartilho.

Misturar peças que, segundo qualquer revista de moda, são improváveis juntas é um excelente exercício para encontrar um estilo autoral. O mix & match é essencial e, por mais que os looks totais em uma mesma cor ou estampa estejam super em alta nas passarelas, descombinar é essencial pra treinar o olhar, mas respeitando seu biotipo e a proporção entre as peças. Quem tem estilo sabe que revistas e blogs de moda são valiosíssimos pela carga de informação e inspiração que trazem, mas não propagam leis imutáveis, e por isso sabem filtrar o que realmente pertence à própria personalidade e o que admiram pela criatividade. 

Musas de estilo são ótima fonte de idéias, mas antes de tudo, você deve ser seu próprio ícone de moda. Adoro o estilo da Giovanna Battaglia, stylist da revista W, mas por mais que eu ache incrível usar camisa fechada até o último botão, moro numa cidade que quando faz calor, é MUITO, pelo menos pra mim, então posso me inspirar em elementos do guarda-roupa dela que eu me sinto bem e que são aplicáveis ao meu estilo de vida, como cartela de cores de um look ou acessórios. Quando se trata de tendências du jour, é bom optar por pequenos elementos, como bolsas ou cintos de determinada cor ou estampa, antes de se jogar de cabeça na proposta. Isso mostra que você está usando a moda a seu favor e não é uma escrava dela.

Garimpe! Seja em brechós, bazares ou lojas de departamento...

Um closet criativo mistura peças caras e baratas, de estilos e origens diferentes. A mistura de diferentes em um guarda-roupa mostra a personalidade do dono, por isso garimpar é uma ótima alternativa para conferir bossa às produções. Descobrir novas grifes, achar peças cheias de significado em um brechó ou comprar aquela peça que tem tudo a ver com seu estilo, por uma pechincha, num bazar da sua marca preferida te faz sentir que suas roupas são parte da sua essência. Usar peças incríveis achadas nos lugares mais improváveis enaltece a atitude de quem usa, fazendo com que a pessoa faça o look, e não o contrário.

Um estilo próprio está em evolução e mudança contínuas, e pode se tornar cada vez mais apurado com pesquisa em sites e revistas e fazendo "mistureba" no próprio guarda-roupa. Bora tentar? Mãos à obra, então!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Cores em contraste X cores pastel

Já que estou num mood de cores, assunto dos meus preferidos em moda, percebi "coincidências cromáticas" nos desfiles de verão 2012, tanto aqui no Brasil como no exterior.

Não estou fazendo crítica de moda, apenas mostrando a minha perspectiva sobre o que as passarelas mostraram, até porque temos as ótimas resenhas do FFW e do time da Vogue. Acho incrível a capacidade da moda de conciliar propostas antagônicas: cores intensas, ora em contraste com tons neutros, ora misturadas em color blocking, e cores pastel, em looks totais ou coordenadas entre si, numa mesma temporada.

Phillip Lim, Alexandre Herchcovitch, Gloria Coelho e Marni: Cores intensas X tons pastel

As cores fortes já vinham como forte tendência desde o inverno, no calendário brasileiro, e do verão 2011 gringo. Como esquecer as combinações de roxo + laranja e verde + turquesa do desfile da Gucci naquela temporada? As cores pastel começaram a se destacar no nosso último verão e no último inverno do hemisfério norte, e chegaram para dividir espaço com as cores vibrantes. A paleta mais suave surgiu em diferentes shapes, tanto em looks minimalistas, como o do americano Phillip Lim, ou numa proposta mais ladylike com perfume 50's, como os vestidinhos acinturados de Herchcovitch (amei muito o desfile!).


Looks em tons pastel e cores fortes.

Agora, como isso apareceu nas ruas, que, afinal, é o que conta pra nós, consumidores de moda. Interessante a forma como a mocinha misturou duas nuances de um mesmo tom no top e na calça, em ton-sur-ton, que é a mescla de diferentes tons de uma mesma cor. A combinação deu um ar elegante ao look bem urbano, bem pontuado por acessórios pretos, mas para dar mais leveza à produção, como estamos no auge do verão, optaria por sapato e bolsa em tom nude ou camelo. Dar um up numa dupla básica e curinga da maioria dos guarda-roupas, a camiseta e o shortinho jeans, com uma peça mais clássica num tom pastel, como o blazer rosa pálido, é uma forma hi-lo de aderir às cores lavadas, pois o contraste entre o short e o blazer, mais arrumadinho, dá bossa ao look, que fica a cara do verão com os acessórios em marrom.

O color blocking está no auge, foi a grande tendência de 2011 e tem tudo para continuar bombando 2012 adentro, só que com algumas adaptações. Contrastar uma cor forte com  peças neutras é uma abordagem mais fresca para as cores blocadas, e um bom exemplo é o look da calça amarelo-sol combinada com sobreposição de duas camisas, em branco e em azul claro. As camisas conferem ar mais sofisticado à calça de sarja amarela, ultrapop, e essa combinação é ótima para quem quer uma calça color, mas não quer parecer saída de um clipe do Mika! Kkkk... A mistura de cores mais acesas com outras mais escuras pode ser uma boa pedida para looks de noite, como a camisa azul escura recortada e a saia verde. O recorte já é ousado, então a camisa fechada até o último botão não fica nada careta, especialmente com o maxicolar arrematando o colarinho. O sapato também entra na brincadeira dos blocos, numa cor quente, para contrastar com as cores de fundo frio do look, porém um pouco mais lavada, para não dar aquele efeito "tudo-ao-mesmo-tempo-agora" que espantou alguns do color blocking. 

Incrível como a tecnologia coloca ao alcance de estilistas de diferentes países, com diferentes climas e calendários de coleções, a mesma informação. Isso só representa vantagem, pois a globalização da moda só contribui e facilita a construção dos nossos estilos pessoais e, sobretudo, da identidade do mercado fashion de cada país.

Fotos dos desfiles: FFW e Style.com

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cores com nome próprio

Na História da Moda, existem os estilistas que romperam padrões, desafiando as necessidades e desejos de vestuário da época, ou contrariando as convenções de "metamorfose ambulante" da moda. Dos dois jeitos, fizeram trajetórias únicas e se tornaram maiores que o vai-e-vem de tendências.

Dentre esses, estão Elsa Schiaparelli, Jeanne Lanvin e Valentino. Além de terem feito criações memoráveis na moda, batizaram cores com seu trabalho: o azul Lanvin, o rosa shocking e o vermelho Valentino. 

Azul Lanvin

Na década de 1920, Jeanne Lanvin adotou um tom de azul bem claro, pastel, em suas criações, e foi a primeira a ligar uma cor específica ao seu nome. Apreciadora de arte, Lanvin chegou ao azul que batizou inspirada pelos afrescos de Fra Angelico, pintor renascentista do século XV. Afrescos são pinturas feitas em paredes, formando murais, e as diferentes matizes de azul que compunham as gradações do céu nos murais religiosos de Angelico encantaram Lanvin, e, atualmente, a cor é característica das embalagens da maison.

Afresco de Fra Angelico e caixinha Lanvin. Papai Noel podia ter deixado uma na árvore, né? 


Rosa Shocking


Nas décadas de 20 e 30, a italiana Elsa Schiaparelli começou a se destacar nos círculos da moda. Ousada, rivalizava com Coco Chanel, que primava por cores neutras e modelagens clássicas, de linhas limpas, ao passo que Schiap, como era chamada pelo grupo de amigos artistas que marcaram seu trabalho, como o pintor Salvador Dalí e o ilustrador Jean Cocteau, usava cores fortes e shapes que redesenhavam a silhueta com volumes inesperados, o que contrariava a austeridade de um mundo que vivia o intervalo de duas guerras mundiais.


Em 1945, Schiaparelli lançou seu primeiro perfume, Shocking. O desenho do frasco foi inspirado pelas curvas da atriz Mae West, e era vendido numa caixa de um fúcsia intenso, da mesma cor das flores aplicadas num vestido de tule preto que Schiap desenhou para Mae, para o figurino da peça Sapphire Sal. Era uma cor inesperada e luminosa, um escapismo necessário ao pessimismo pós-Segunda Guerra, que de tão característica do perfume e de sua musa inspiradora, foi batizada de "shocking".


Campanha do perfume Shocking, nos anos 40, e caixa da antiga maison Schiaparelli.

Vermelho Valentino

A minha favorita dentre todas as cores com nome próprio, o vermelho Valentino surgiu no início dos anos 60. No fim dos anos 50, o italiano Valentino Garavani era assistente em Paris, na maison Guy Laroche. Num dia de folga em Barcelona, assistia a um espetáculo no Liceu Theatre, e ficou maravilhado com a vivacidade do vermelho dos figurinos, e concluiu que qualquer mulher que entrasse em algum lugar vestindo vermelho vivo, podia causar o mesmo efeito paralizante que os figurinos nessa cor causaram no estilista.

Em 1960, Valentino estabeleceu ateliê próprio na Via Condotti, em Roma e, desde então, sempre incluiu peças de um vermelho intenso nas coleções, tornando a cor sua marca registrada. Um dos grandes mestres da moda, Valentino sempre fez da feminilidade a essência de seu trabalho, criando peças de perfume ladylike e cheias de romantismo, sem se importar com a mudança constante de tendências. Isso o fez o preferido das grandes divas de Hollywood, como a eterna Liz Taylor, musa e amiga.

Valentino na abertura da exposição comemorativa de seus 45 anos de carreira, em 2007.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O começo!

Como começar um blog de moda? Sei lá. Mas tenho certeza que não é como aquelas redações de colégio, com esqueminha chato de “introdução-desenvolvimento-conclusão”. Blog não tem fórmula, ainda mais quando fala de estética, que tem conceitos tão pessoais e quase intransferíveis.

Enfim, pretendo falar aqui no Manequim principalmente sobre moda e beleza, mas também de outros assuntos que adoro, como cinema e arte, relacionados à isso, sem me colocar como “ditadora de gosto”. Quero mostrar propostas para que quem lê possa se expressar, tentar novas formas de vestir, se maquiar e pensar, sempre sob a ótica de apaixonada e incansável pesquisadora de moda, beleza e dos modismos que vêm com elas.

Inspiração requer informação, para não nos esquecermos da verdadeira essência da moda e da cultura – espelho dos costumes e vontades do mundo.

Let's start?