Quanto mais nos distanciamos de uma época, parece que mais se quer resgatar os modismos e atitudes dela. Os anos 90 não foram tão referenciados no início dos 2000, porque, afinal, parecia que foi ontem, mas, agora nessa segunda década do século XXI, junto com a onda nostálgica dos anos 50 e 60, os 90 estão voltando. Será que, quanto mais afastados de uma década, (re)interpretamos ela melhor? Foi na década de 1990 que as ruas se tornaram tão influentes quanto as passarelas, e várias propostas passaram a ser tendência ao mesmo tempo, antecipando a democracia fashion que seria mandatória nos anos 2000.
Em menos de dez anos, os cabelos enormes, as maxi-ombreiras e os exageros dos anos 80 foram prontamente colocados de lado em favor de silhuetas secas, de linhas puras, confortáveis e elegantes. Depois da "década perdida", o mundo e a economia entravam nos trilhos de novo, e o desejo de uma atitude urbana e conectada mas, ao mesmo tempo, discreta, foi traduzido pelo minimalismo. Calvin Klein foi o grande mentor dessa onda minimal: os cortes retos que valorizavam a silhueta sem comprometer o conforto viraram uniforme das mulheres modernas dos 90. Klein também disseminou o jeans como peça essencialmente cosmopolita, base do closet de homens e mulheres, e colocou uma nova forma de androginia, o unissex. Essa diluição de gêneros criou uma nova referência de sensualidade, e belezas menos femininas e mais instigantes se destacaram, como a então new-face Kate Moss. A partir dos 1990, o desejo de moda ia além das roupas e, conscientemente, passou a expressar estilo de vida.
Foi nos 90 que as calçadas passaram a ditar moda, tanto quanto desfiles ou editoriais. Talvez o movimento underground mais forte da década, o grunge teve seu maior eco na música, mas também influenciou (e modidficou) a forma de ver a moda. O boom de desenvolvimento da época, que levou à uma atitude cada vez menos autêntica, era o alvo da contestação do grunge, representada pela atitude de bandas como Nirvana e Sonic Youth. As roupas sobrepostas e de ar casual, como jeans largos, camisetas surradas, saias de malha longas e as indefectíveis camisas de flanela xadrez representavam uma outra face das cidades grandes, escondida. Mas o grunge mostrou que veio pra incomodar quando um estilista novato, vindo da cena alternativa, um tal Marc Jacobs, levou os gorros, os xadrezes e as sobreposições do movimento pra passarela da tradicional marca americana Perry Ellis, com uma mistura ousada de padronagens, como no look que mistura xadrez, listras e florais, chocando a imprensa especializada e levando a rebeldia urbana pras roupas da classe média, já que, agora, o que estava na passarela estava na rua.
Mesmo não muito forte em desfiles, as influências dos clubbers e da cultura hip-hop também foram fortes na década de 90. As duas tribos também desejavam mostrar uma nova visão de mundo, mas de maneiras diferentes: os clubbers queriam só diversão, ao som das batidas eletrônicas das raves, num resgate da psicodelia dos anos 70, mas com um toque street. Cores ácidas, leggings, abrigos esportivos e outras peças do sportswear eram típicas dos clubbers, junto com estampas ultracoloridas e geométricas. As roupas esporte também eram usadas no hip-hop, mas menos coloridas e mais utilitárias, e refletiam o dia-a-dia dos moradores dos guetos, principalmente nos EUA. Falavam abertamente sobre drogas, violência e a diversão proibida do subúrbio nas letras das músicas, e um dos grupos mais ousados eram o trio feminino TLC, tanto na sonoridade quanto nas roupas. Os anos 90 abriram caminho pras multi-referências na moda (e na vida), e espero que ainda venha muita estrada por aí...
Em menos de dez anos, os cabelos enormes, as maxi-ombreiras e os exageros dos anos 80 foram prontamente colocados de lado em favor de silhuetas secas, de linhas puras, confortáveis e elegantes. Depois da "década perdida", o mundo e a economia entravam nos trilhos de novo, e o desejo de uma atitude urbana e conectada mas, ao mesmo tempo, discreta, foi traduzido pelo minimalismo. Calvin Klein foi o grande mentor dessa onda minimal: os cortes retos que valorizavam a silhueta sem comprometer o conforto viraram uniforme das mulheres modernas dos 90. Klein também disseminou o jeans como peça essencialmente cosmopolita, base do closet de homens e mulheres, e colocou uma nova forma de androginia, o unissex. Essa diluição de gêneros criou uma nova referência de sensualidade, e belezas menos femininas e mais instigantes se destacaram, como a então new-face Kate Moss. A partir dos 1990, o desejo de moda ia além das roupas e, conscientemente, passou a expressar estilo de vida.
Foi nos 90 que as calçadas passaram a ditar moda, tanto quanto desfiles ou editoriais. Talvez o movimento underground mais forte da década, o grunge teve seu maior eco na música, mas também influenciou (e modidficou) a forma de ver a moda. O boom de desenvolvimento da época, que levou à uma atitude cada vez menos autêntica, era o alvo da contestação do grunge, representada pela atitude de bandas como Nirvana e Sonic Youth. As roupas sobrepostas e de ar casual, como jeans largos, camisetas surradas, saias de malha longas e as indefectíveis camisas de flanela xadrez representavam uma outra face das cidades grandes, escondida. Mas o grunge mostrou que veio pra incomodar quando um estilista novato, vindo da cena alternativa, um tal Marc Jacobs, levou os gorros, os xadrezes e as sobreposições do movimento pra passarela da tradicional marca americana Perry Ellis, com uma mistura ousada de padronagens, como no look que mistura xadrez, listras e florais, chocando a imprensa especializada e levando a rebeldia urbana pras roupas da classe média, já que, agora, o que estava na passarela estava na rua.
Mesmo não muito forte em desfiles, as influências dos clubbers e da cultura hip-hop também foram fortes na década de 90. As duas tribos também desejavam mostrar uma nova visão de mundo, mas de maneiras diferentes: os clubbers queriam só diversão, ao som das batidas eletrônicas das raves, num resgate da psicodelia dos anos 70, mas com um toque street. Cores ácidas, leggings, abrigos esportivos e outras peças do sportswear eram típicas dos clubbers, junto com estampas ultracoloridas e geométricas. As roupas esporte também eram usadas no hip-hop, mas menos coloridas e mais utilitárias, e refletiam o dia-a-dia dos moradores dos guetos, principalmente nos EUA. Falavam abertamente sobre drogas, violência e a diversão proibida do subúrbio nas letras das músicas, e um dos grupos mais ousados eram o trio feminino TLC, tanto na sonoridade quanto nas roupas. Os anos 90 abriram caminho pras multi-referências na moda (e na vida), e espero que ainda venha muita estrada por aí...
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